O Grupo de Estudos do Discurso da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte - GEDUERN, em parceria com O Programa de
Pós-graduação em Ciências da Linguagem - PPCL e a Faculdade de Letras e
Artes – FALA, estará realizando o V CONLID – Colóquio Nacional de Linguagens e
Discurso, no período de 08 a 10 de novembro de 2023.
O
evento terá como tema Guerra Cultural, Discursos, Linguagens e Práticas de Liberdade, na
tentativa de cartografar nossa experiência recente com um governo que inscreveu em nossa
história política práticas de ataques aos direitos dos trabalhadores e
trabalhadoras, à educação e à ciência, às instituições democráticas, ao sistema
de saúde; disseminou discursos xenofóbicos,
racistas, investiu contra os
direitos das mulheres, da comunidade LGBTQIAP+, negros e indígenas e instaurou
a necropolítica no trato com a COVID-19, sendo responsável pela morte de milhares de pessoas. O V CONLID também se propõe
descrever políticas de reconstrução do país, que garantam o resgate da
democracia e do desenvolvimento nacional sustentável.
Mesmo vencido nas eleições de 2022, os
discursos disseminados pelo governo anterior reverberam-se nas práticas de seus
representantes e seguidores e instauram uma “Guerra Cultural” (HUNTER,1991) em
solo brasileiro, materializada no confronto discursivo entre adeptos do
reacionarismo e aqueles/as que defendem a democracia, as liberdades.
No cenário brasileiro podemos tomar o conceito ou esta
prática para um diagnóstico do presente e desenvolver reflexões em torno de uma
atitude de resistência aos efeitos sociais e políticos dessa guerra, atitude que exige a
crítica como estratégia de transformação do pensamento. Foucault considera a
atitude crítica como tarefa da filosofia na a intransigência do pensamento:
“existe momentos na vida onde a questão de saber se se pode pensar
diferentemente do que se pensa e perceber diferentemente do que se vê, é
indispensável para continuar a olhar e a refletir”. (FOUCAULT, História da sexualidade II).
Momento em que o ser humano problematiza o que ele é, o mundo no qual ele vive
e se produz diferentemente.
No contexto de Guerra Cultural, a resistência
se efetiva contra uma visão essencialista que se porta contrária a qualquer
prática divergente, considerando-a uma ameaça que deve ser eliminada.
Classificados
por alguns como manifestações do neofascismo, os efeitos da Guerra Cultural se
materializam em formas diversas que se inscrevem na “retórica” do ódio, nas
políticas contra a vida, contra os direitos do outro, sejam eles relativos às
liberdades, às políticas de assistência social, saúde e educação, moradia,
dentre outras referentes ao exercício da cidadania. Isso exige uma atitude de enfrentamento que
coloca a necessidade de um trabalho ético-político que só se pode alcançar por
meio da intransigência da liberdade. Essa luta é para o exercício de uma vida
não fascista, contra o intolerável, a estupidez. FOUCAULT em seu texto Por uma vida não fascista nos convocava
para “o banimento de todas as forma de fascismos, desde aquelas, colossais, que
nos envolvem e nos esmagam, até as formas miúdas que fazem a amarga tirania de
nossas vidas cotidianas”.
Nesse entendimento, considera-se que o cenário atual exige reflexões que
possam descrever e interpretar “o que estamos fazendo de nós mesmos, como nos
governamos e como queremos ser governados”. Compreende-se, por esse viés, que a
reflexão, o pensamento, apontaria para “um multiplicador das formas dos
domínios da ação política” com vistas a mostrar que a liberdade é vida ética de
constituição de si e do mundo (SAMPAIO, 2011).
Por esta circular, pesquisadores(as) do discurso e da linguagem
estão convidados a enriquecerem o debate em torno da temática proposta e seus
desdobramentos em diferentes práticas discursivas. Que se lancem os trabalhos!
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